domingo, 9 de janeiro de 2011

OS JARDINS







Nada me enternece tanto quanto os jardinzinhos proletários da periferia da  cidade. Jardins pequeninos, cultivados com carinho e imperícia, onde o espaço, cada vez mais exíguo, obriga o dono a concentrar os seus muitos sonhos em poucos metros quadrados, misturando em poucos metros quadrados diferentes espécies de plantas, desde flores, trepadeiras e arbustos até legumes, verduras e frutas.

É tocante de se ver, plantados em latas de óleo e blocos de concreto virados boca acima, tufos de florezinhas esquecidas de outros jardins: margaridas, cravos, dálias, beijos, brincos de princesa, tudo bordejado de hortelãs, alecrins e poejos. Na cerca, muitas vezes se pendura uma videira ou uma trepadeira de maracujás com as suas lindas flores roxas.


E os indefectíveis girassóis...

Ao passar por ali de manhã, certamente veremos uma mulher de avental estampado e  lenço na cabeça, pelejando com os seus antúrios e roseiras, ou arrancando ervas daninhas, aguando suas plantas com a mangueira ou com o  regador. Ou veremos um velhinho de bermuda e chinelos, suando enquanto ajeita um canteiro de cebolinha e de couves em volta das roseiras. Ou pendurando um bebedouro de passarinhos num galho de romã.

De tardezinha, o casal estará ali sentado num banco do alpendre, esperando a noite chegar. Conversando sobre o que fizeram de bom durante o dia, ou durante a vida. Ou só curtindo o jardinzinho, sem pensar em nada, como deve ser.


12 comentários:

João Eduardo Q. C. disse...

São enternecedores, mesmo. Ou melhor, foram, porque não vejo mais nada assim há muito tempo.

José Doutel Coroado disse...

Cara Dalva,
esse toque de vida simples, essa ligação à criação de vida, essa ligação a algo que nasce, cresce e morre a cada dia que passa, essa ligação faz cada vez mais falta nas nossas cidades grandes...
Belo texto!
abs

Suzi disse...

Fofos, fofos! Também adoro bisbilhotar o jardim alheio! A escolha das flores, as trocas de mudas... no meu bairro muitas flores se repetem em vários jardins e eu fico pensando se não são fruto de trocas entre comadres! Ainda te comadres que trocam mudas de flores?
beijos!

Lari Bohnenberger disse...

Ah, que lindo! Adoro jardins floridos, mas devo confessar que não levo muito jeito com as plantas não... me resta apenas admirar o trabalho alheio.

Bjocas!

vidacuriosa disse...

Legal. Lendo o texto fico imaginando o local florido, mas não me demoro muito e vejo, aqui ou ali, ou até mesmo ao sair da porta, esse visual magnífico.
Abrs.
P.S Obrigado pela correção no meu blog.

Luís Monteiro disse...

O conteúdo do seu blog é muito lindo"
Por isso é com imensa alegria que te sigo"
Belo texto"
"(*_*)"
http://nostudinhos.blogspot.com/
espero-te ancioso"
Bjws"

CarolBorne disse...

Nada mais enternecedor do que cuidar do jardim, né não?
Dal, manda pra mim o link do causo inexplicável? Beijo!

Clarice disse...

Convivi com latas que viraram vasos e até motivo de jogos criativos desde sempre. Impossível fugir dessa herança, que me dá temperos, flores e alguns espantosos tomates.
Obrigada pela visita e comentários.

a vida em toda a dimensão disse...

Amiga um beijinho neste nosso dia.
Que esteja bem.
Irene

a vida em toda a dimensão disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Boa tarde, querida amiga.

Deu até uma saudade agora...
Lindo texto Nostálgico.

Um grande abraço.
Tenha um belo fim de semana.

Concha disse...

Grandiosidade nas pequenas coisas, nos pequenos gestos de quem é tão grande poeta...grande jardim!
Um grande abraço